terça-feira, 6 de abril de 2010

Marina se diz cansada de polêmicas ambientais

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A senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PV-AC) afirmou nesta terça-feira (6) que está cansada de ser interpretada como “radicalmente contra”. A pré-candidata do PV à Presidência da República não citou exemplos específicos que a deixaram "cansada", mas disse que os episódios vão desde os transgênicos até os processos de licenciamento ambiental. Em maio de 2008, Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente após vários desgastes internos no governo por causa de polêmicas como a construção da Usina de Belo Monte, principal obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“No Brasil as pessoas querem uma realidade sem ‘senões’, de que tudo pode, de que não tem nenhum tipo de interdição pela lei. Toda vez que se diz ‘dá para fazer desde que seja assim’, a leitura é de que a gente está sendo radicalmente contra. Estou cansada dessa história de que toda vez que você coloca uma condicionante para que se faça alguma coisa, a leitura é imediatamente feita como se você estivesse sendo contrário à solução que se está buscando”, declarou.

A ex-ministra participa do Seminário Código Florestal: Brasil celeiro do mundo ou realidade socioambiental?, que está sendo realizado hoje no Senado. Em sua fala, Marina disse ainda que o governo tem sido condescendente e omisso em relação às pressões por mudanças do Código Florestal. A senadora afirmou que os movimentos da bancada ruralista dentro do Congresso vêm no sentido de flexibilizar a legislação ambiental e vão contra os compromissos internacionais do país.

“Nós estamos diante de um problema grave. No Brasil, essa cultura de querer fazer as coisas sem ‘senão’ nos leva o tempo todo a querer mudar o teste, no lugar de passar no teste. Não se criam os instrumentos econômicos para viabilizar a agricultura e pecuária sustentável, aí se muda a legislação. Infelizmente isso acontece com a anuência ou omissão do governo federal”, disse Marina.

A pré-candidata desfilou várias críticas a pessoas com visões “retrógradas” de desenvolvimento, mas não citou nomes. Marina Silva encerrou sua fala dizendo que o debate ambiental no país “está, mais uma vez, enterrado", porque falta um "compromisso ético" para que o Brasil não faça "essa discussão, o tempo todo, refém de uma visão que já está inteiramente superada”.

Quando ocupava o Ministerio do Meio Ambiente, Marina teve vários embates com Dilma Rousseff, pré-candidata do PT e ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil.

“Esses que convocam claramente suas visões superadas na mesa, até que é bom. Difíceis são aqueles que fazem o discurso completamente atualizado e alteram nos bastidores no sentido de viabilizar a visão completamente retrógrada”, concluiu.